Sábado e domingo (duas 18 e 19), às 20h e 17h, respectivamente, um dos mais antigos e importantes teatros da cidade convida para o espetáculo gratuito “João Pernambuco – Coração de Violão”, da cantora mineira Glaucia Nasser, em celebração à obra do músico sertanejo considerado o primeiro a compor para violão solo no Brasil
Neste fim de semana, o Teatro de Santa Isabel, uma das mais importantes, imponentes e antigas casas de espetáculo da cidade, vai celebrar seu aniversário de 174 anos. E convida o Recife a ouvir um capítulo importante da história musical pernambucana e brasileira. Nos próximos sábado e domingo (18 e 19), às 20h e 17h, respectivamente, o teatro recebe o espetáculo gratuito “João Pernambuco – Coração de Violão”, da cantora mineira Glaucia Nasser, celebrando o legado do pernambucano João Teixeira Guimarães, o “Poeta do Violão”, sertanejo que entrou para a posteridade artística nacional como o primeiro músico a compor para violão solo no Brasil.
Os ingressos são gratuitos e devem ser retirados uma hora antes de cada sessão, na bilheteria do Santa Isabel. Além dos 174 anos do teatro-monumento recifense, os shows deste fim de semana, que iniciam a circulação nacional do projeto, celebram outra efeméride centenária: o aniversário de 140 anos de João Pernambuco. Tudo isso na mesma semana em que o Santa Isabel e o Recife todinho ganharam de presente a formalização, junto ao Ministério de Cultura e Iphan, da assinatura de termo de compromisso para elaboração do projeto de engenharia para mapeamento de intervenções e serviços necessários para o completo restauro das instalações do teatro.
As apresentações deste fim de semana não serão a primeira incursão musical de Glaucia no Recife. A cantora já se apresentou com o sanfoneiro Cezzinha no Bloco da Saudade, no Carnaval deste ano, e em junho de 2023, no Paço do Frevo, quando deu início à pesquisa sobre João Pernambuco, que culminará nesta turnê e no lançamento de um documentário, ainda em 2024.
Durante as gravações, ela rumou Pernambuco adentro, ao lado de talentosos e estudiosos companheiros, para refazer os caminhos de João Pernambuco, artista que merece e carece de mais reconhecimento pela magnitude de seu legado. O projeto se deu a partir da provocação do jornalista José Leal, fundador do Instituto de Arte Popular João Pernambuco, com realização da Fundação Brasil Meu Amor.
O documentário, que resgata e refaz a trajetória do compositor do célebre e comovido hino sertanejo “Luar do Sertão”, foi filmado em sete cidades pernambucanas: Tacaratu, Inajá, Floresta, Petrolândia, Jatobá e São José do Egito, além do Recife. O espetáculo apresenta um pouco dessa história.
Para retratar as raízes e frutos de João Pernambuco e a poética nordestina, o repertório percorrerá uma vasta extensão do país, do litoral ao Sertão. Com 100 minutos de duração, reunirá, além das canções de João Pernambuco, composições de outros autores que apresentam com grandeza a cena musical do país. Entre as músicas executadas, estarão “Coração Bobo” e “Voltei Recife”, de Alceu Valença; “Caminho do Sertão”, de João Pernambuco e José Leal; “Luar do Sertão” e “Cabocla de Caxangá”, de Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco; “Numa Sala de Reboco”, de José Marcolino e Luiz Gonzaga; “Frevo nº 2”, de Antônio Maria; “Raízes e Frutos, de José Leal e Paulo Dafilin.
As apresentações são uma realização do Instituto João Pernambuco, com coprodução da Fundação Brasil Meu Amor, em parceria com a Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife. Ao longo dos próximos meses, outras sete capitais brasileiras serão contempladas pela turnê.
Sobre o aniversariante – O Teatro de Santa Isabel, cujo nome é uma homenagem à Princesa Isabel, foi inaugurado em 18 de maio de 1850, com a apresentação do espetáculo O Pajem de Aljubarrota, do escritor português Mendes Leal, inserindo a então província de Pernambuco numa nova fase cultural.
Idealizado pelo Barão da Boa Vista, teve o projeto dirigido pelo engenheiro francês Louis Léger Vauthier, que inovou na época, optando por não utilizar trabalho escravo na construção de arquitetura neoclássica. Tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 31 de outubro de 1949, o equipamento foi mais tarde eleito um dos 14 teatros-monumentos do país.
Durante toda a sua história, a casa sempre esteve no centro da vida política da cidade, tendo assistido à Revolução Praieira e abrigado a campanha abolicionista e pelo advento da República. Frequentado, desde sempre, por notórias personalidades da cultura nacional, o Teatro de Santa Isabel foi cenário dos debates literários de Tobias Barreto e Castro Alves. Foi de lá que ecoou para todo o Brasil a histórica frase do abolicionista Joaquim Nabuco: “Aqui vencemos a causa da abolição”, imortalizada numa placa exibida numa das paredes do teatro até hoje.
Uma curiosidade sobre o teatro é que ele chegou a ser destruído por um incêndio ocorrido em 19 de setembro de 1869, tendo sido totalmente recuperado, redimensionado e entregue outra vez ao povo pernambucano em 16 de dezembro de 1876.